Cerca de 8.700 militares combatem garimpeiros, madeireiras ilegais e traficantes na fronteira com Venezuela, Guiana e Guiana Francesa
O governo brasileiro inicia nesta quarta-feira (2) uma megaoperação
para combater narcotráfico, garimpos ilegais e desmatamento irregular
na fronteira norte da Amazônia. O Exército chegou a enviar um
representante a países vizinhos para esclarecer eventuais temores com a
operação.
A ação, denominada "Agata 4", levará 8.700 militares para a
fronteira do Brasil com Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa.
Serão usados ainda 11 navios, nove helicópteros e 27 aviões.
A região é considerada o ponto fraco da Amazônia, por ter 5.500 km
de fronteira seca e poucas guarnições das Forças Armadas. A perspectiva
de intensa movimentação de tropas próximo à fronteira causou apreensão
nos países vizinhos.
Porém, segundo o general José Carlos De Nardi, chefe do Estado
Maior Conjunto do Ministério da Defesa, a ação não é uma demonstração
de força. Equipes diplomáticas visitaram os governos vizinhos para
assegurar que a manobra não tem caráter hostil.
"Eu fui à Venezuela, à Guiana e ao Suriname para explicar o sentido
da operação [de combater a criminalidade do lado brasileiro da
fronteira]. Não é um problema de defesa da pátria", disse De Nardi.
Soldados do Exército vão percorrer a Amazônia. (Foto: Divulgação/Ministério da Defesa)
Segundo ele, a ação ocorrerá apenas em solo brasileiro e visa
fortalecer a presença do Estado em uma das regiões mais remotas do
país. Contudo, apesar de oficialmente não ter objetivo geopolítico, a
operação Agata também não é um mero exercício militar. "É uma operação
real, os militares levarão munição real e podem ocorrer tiros reais",
disse o general.
A realização da "Agata 4"' foi uma determinação da Presidente Dilma
Rousseff. Três ações semelhantes já foram realizadas no centro-oeste e
no sul em 2011 e mais duas devem ocorrer ainda em 2012.
Narcotráfico
O objetivo da operação será destruir garimpos e pistas de pouso ilegais, além de "sufocar" o tráfico de maconha e cocaína que possui rotas de entrada no Brasil pelo norte da fronteira.
O objetivo da operação será destruir garimpos e pistas de pouso ilegais, além de "sufocar" o tráfico de maconha e cocaína que possui rotas de entrada no Brasil pelo norte da fronteira.
Segundo o Ministério da Defesa, a operação "Agata 3", realizada em
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia em 2011, bloqueou a passagem
de criminosos pela fronteira e causou um do preço das drogas no mercado
negro.
De acordo com estimativa da pasta, só no Mato Grosso a elevação foi
de 60% em Cárceres e 100% em Cuiabá. A estratégia do governo é represar
o tráfico de drogas, madeira e metais preciosos durante 20 ou 30 dias e
depois encerrar a operação.
A tendência é que os criminosos preparem então grandes
carregamentos logo após a retirada dos militares. Nesse período, a
Polícia Federal, com ajuda da Abin (agência brasileira de
inteligência), deflagará a Operação Sentinela e fará incursões pontuais
na região para fazer prisões e apreender cargas ilegais.